A sociedade tem medo de mulheres que desejam
Ainda é difícil pra sociedade lidar com mulheres que desejam, que se tiraram da posição de espera e pegaram as rédeas do seu próprio desejo.
Mulheres que fazem o que tem vontade.
Mulheres que vivem as oportunidades da vida, sem se preocupar com julgamentos.
Mulheres que são donas do seu próprio desejo. E não tem medo de mostrar isso.
Mulheres que tem ambições.
Mulheres que rompem com o padrão de “feminino” imposto por séculos.
Lugar de mulher...
Existe uma cartilha repassada de geração pra geração que mostra o nosso lugar na sociedade. Mulher precisa ser calma, não pode chamar a atenção, precisa ser obediente, submissa, passiva, recatada, discreta, cuidar da casa, cuidar da família, saber cozinhar, se vestir bem, se manter apresentável, não falar palavrão, sentar que nem mocinha, ser sensível, não ser sensual ou sexualmente disponível. Em resumo: ter como maior ambição da vida arranjar um homem, casar, ter filhos e manter a qualquer custo esse matrimônio.
Mulheres que tem outros desejos, ou melhor, que desejam, não são bem vistas. E sim, ainda falo de 2021. Falo de hoje. Não tô falando do século passado, por incrível que pareça.
A gente evoluiu muito e estamos conquistando espaços que nunca esperavam que chegaríamos perto.
Mas a sociedade (em geral) ainda espera de nós um papel. Ainda deposita em nós a ideia de maternidade, ainda projeta em nós que casamento é tudo o que precisamos pra sermos felizes, que sexo é uma coisa suja e que a gente precisa se guardar pro nosso príncipe encantado.
E quem rompe com esses padrões é considerada corajosa.
"Eu sou um ser humano que deseja. Não precisa de coragem. Coragem já me coloca num lugar que eu preciso fazer muita força e ser muito guerreira pra desejar." - Tati Bernardi
”O sistema patriarcal se instalou há 5 mil anos. Hoje a gente tem uma história pela arqueologia que mostra que durante milhares de anos não houve dominação do homem sobre a mulher. Mas a partir de 5 mil anos, quando o sistema patriarcal se instalou, dividiu a humanidade em 2 partes: homem pra um lado, a mulher pra outro. Definiu que a mulher é inferior e criou um ideal masculino de força, sucesso, poder, coragem, de conseguir todas as mulheres, nunca broxar… e o ideal feminino de subserviência, de obediência, passividade, de espera do homem e tal.” - Regina Navarro Lins
"Estamos vivendo um momento que nunca aconteceu antes." - Regina Navarro Lins
“O que tá acontecendo, com todas as mudanças a partir da pílula anticoncepcional, um marco na história… Os homens e as mulheres estão em um processo de profunda mudança de mentalidade, profunda mudança na forma de pensar. Então os homens que não se libertaram ainda do mito da masculinidade, desse ideal masculino e patriarcal, eles não temem a mulher que ganha dinheiro hoje, a mulher independente financeiramente, mas eles temem a mulher AUTÔNOMA. Ou seja, a mulher que se libertou dos padrões de comportamento que sempre foram exigidos da mulher. Por exemplo: mulher não pode tomar iniciativa, mulher não pode transar no primeiro encontro, mulher tem que ter um homem ao lado senão ela é considerada desvalorizada." - Regina Navarro Lins
“Então nós estamos no meio de um processo… as pessoas estão mudando, só que não muda todo mundo ao mesmo tempo. Então existem pessoas arraigadas aos modelos tradicionais, porque o novo assusta, o desconhecido gera insegurança… É uma mudança lenta e gradual, eu acredito que dentro de algumas décadas isso não vai ser problema algum. ” - Regina Navarro Lins
(Esse conteúdo foi inspirado e tem trechos do podcast “Meu Inconsciente Coletivo”, episódio “Medo do desejo da mulher”. Tati Bernardi conversou com Regina Navarro Lins sobre desejo feminino, relações e outras formas de amar.)