Querida barriguinha,

Ainda não posso dizer que te amo, mas já posso dizer que não te odeio mais.

Quer dizer, às vezes odeio! Não vou mentir. Mas às vezes eu odeio todas as outras partes do meu corpo também. Então não se sinta tão mal.

A verdade é que fiz as pazes com você faz pouco tempo. Eu vivia tentando te apertar, encolher, fazer caber… fingindo que você não existia.

Por muitos anos, meu maior sonho era te eliminar. Te deixar negativa. Talvez até trincada e cheia de músculos. Hoje não mais.

Hoje só quero saúde e me sentir minimamente bem na minha pele. E você deixou de ser uma questão pra mim. Assim como meu nariz, meus peitos, minhas coxas, meus pés, meus braços…

Hoje eu te vejo parte de mim e juro que te acho até bonitinha! Macia, gostosa de passar a mão e apertar.

É sério!

Ainda me incomodo quando você insiste em se destacar em uma foto, mas ao mesmo tempo sei que não é por mal. Você só está existindo e sendo parte de mim.

Você é só uma parte de tudo que sou.

E vão ter dias que vou gostar mais e outros dias vou gostar menos de você, mas prometo continuar não te odiando, porque isso seria me odiar também.